25 de abril de 2011

Poesia, não de amor




A poesia que escrevo agora
Infelizmente, devo dizer,
Não vem de dentro pra fora
E, minha amada, não é pra você

Não é, pois não falo de amor
Meu bem, estas quadras não são
Compostas com todo fervor
Que existe em meu coração

Não é, pois não falo em paixão
Meu bem, me entenda, é favor
Compreenda, não faço menção
Que por ti tenho grande amor

Não digo eu nessa poesia
Que você é minha vida
Nem digo que não viveria
Se você se fosse em partida

Não digo que te amo tanto
Que não há mágoa ou pecado
Que diminua, portanto
O’amor a você dedicado

Não digo, repito, não digo
Que seus belos olhos amenos
Num olhar doce e amigo
Me envolve em carinho sereno

Não digo – a poesia não fala
Que o meu coração é só seu
Que agora ele se cala
Mas no seu já se perdeu

Não digo a verdade, que é
Você a mais bela menina
Entre as outras, tenha fé
É bela como pedra fina

Não digo que toda você
Cabelos, olhos, coração
Fascina todo o meu ser,
Que inflama de amor e paixão

Não digo aqui nada disso
E nem pretendo dizer
E, sabe, eu não farei isso
Porque todo mundo no mundo
O milionário e o “vagabundo”
De Teixeira a Passo Fundo
(E principalmente você)
Estão cansados de saber

Abril de 2009


13 de abril de 2011

Soneto ao desprezo de mim



Poeta que encontrou-se na ausência
Depois de um bigbang de ilusões
Depois de transladar-se em excursões
Viagens ao estado de demência

Cronista, registrou sua carência
E o coração exposto em frações
Negou-se a render-se às emoções
Embora denunciado em aparência

Não conseguiu mostrar sua essência
Perdeu-se em meio a descoroações
De sua indesejada obediência

E nunca conquistou os corações
Aos quais direcionava com freqüência
A voz de suas escrevinhações

Abril de 2011 


3 de abril de 2011

Moneta



O intelecto falha
Se te vejo ao longe
E o teu sorriso não é meu
Fogem da minha cabeça todas as leis de Newton
E começo, ousadamente, a voar

Ah, quem me dera
Negar toda a cibernética
Des-saber todas as geografias
Esquecer todas as culturas, incas, maias e astecas
Só para saber-te, palmo a palmo, minha
Cada centímetro minha
Em pelo e suor
Minha!

Abandonar todas as leis
Romper com os códigos de ética
Desviar toda a conduta
Só pra dizer-me teu!

De que me vale toda poesia
Toda leitura teórica
Todo saber empírico
De que valem?
Se não posso usar como moeda de troca
Para ter-te ao meu lado?

De que vale essa postura culta
A linguagem ultra-formal
O conhecimento das gramáticas
E das contas matemáticas
Se não te trazem a mim?

Casas de câmbio
Oh, casas de câmbio!
Porque não aceitam o que dou?

Um punhado de Marx aqui
Um bocadinho de Sócrates ali
Platão, Aristóteles
Shakespeare, Machado de Assis
Nietsche
Mészáros
Smith e Engels
Owen e Malthus
Che e Fernando Henrique Cardoso

De que valem?

Sem nunca terem lido nada
Outros tantos desgraçados
São menos desgraçados que eu



Março de 2011