22 de janeiro de 2012

Inventário




Nada tenho
A não ser
Este intenso sentir
Que me acompanha toda vida
E que ora, comigo
Deixa também de existir

Essa coleção de afetos
Guardada
Em qualquer desses armarinhos
N’algum canto bem discreto

Uma ruma de decepções
Que se perdem
Em qualquer ausência
De minhas realizações

E o sorriso emoldurado
Que um dia
Alguém, homem ou mulher
Encontrará empoeirado
E indagará de quem é

Fernando Lago – Janeiro de 2011

18 de janeiro de 2012

Ouço uma rajada de vento...



Ouço uma rajada de vento
Que será que quer dizer
Com elegante insistência?
Paro e escuto o evento
Do vento acariciando
Os pássaros no fio de energia
E fico pensando
Que bom seria
Se o merecêssemos também

Como uma musa provocada
Por uma infame cantada
O vento jogou-me na cara
Meio quilo de poeira...

Janeiro de 2012