23 de maio de 2012

Instant




No momento
Todos os momentos
São curtos
E a vida passa diante das minhas narinas
Como o cheiro do perfume de uma prostituta

Escuta
Não me importo com os escândalos do plenário
E com a vida profana dos polícias
Importo-me com minha vida, que é insossa
E precisa adquirir qualquer malícia

Viajo por caminhos tão medonhos
Que às vezes me assusto no espelho
E não me reconheço no meu rosto
Não sei a quem ou a que me assemelho

Prefiro a infâmia que a glória
De não me acusarem coisa alguma
De não ter nada feito nessa vida
Senão nadar no Lago dos meus versos
Que em momentos tristes eu compunha

As alcunhas
Que sempre me puseram são devidas
De vidas invividas que eu deixei
Passou por minhas narinas desatentas
Qual cheiro do perfume de uma quenga
Que não é minha, mas me acalenta
Nos mais tristes momentos de ciúmes.

Fernando Lago – 03 de Maio de 2012

4 de maio de 2012

Lógus




Não estou alegre
Nem triste
Nem poeta
Sou um turbilhão de raciocínios ocos
Sequer penso em você, que era meu tudo
(Exceto agora, para mencioná-la)
E apenas ondas cerebrais passeiam o meu crânio

Porque neste momento, nada importa
Nem eu
Esqueço-me de tudo e de mim
E só a minha cabeça é que funciona
Com pensamentos puros e impuros
Com imprecisão da arma de um soldado
Que errante descarrega sua metranca

Por que este estado me acampa
Como se fosse um viajante insano
Que deixa sua bagunça onde para?
Quem sabe seja mais que acampado
Quem sabe minha cabeça é sua morada
E quando ele aqui reaparece
Só reivindica a terra que é sua
Como índio americano que exige
Um pouco do tanto que era seu.

Fernando Lago – 03 de Maio de 2012