3 de abril de 2011

Moneta



O intelecto falha
Se te vejo ao longe
E o teu sorriso não é meu
Fogem da minha cabeça todas as leis de Newton
E começo, ousadamente, a voar

Ah, quem me dera
Negar toda a cibernética
Des-saber todas as geografias
Esquecer todas as culturas, incas, maias e astecas
Só para saber-te, palmo a palmo, minha
Cada centímetro minha
Em pelo e suor
Minha!

Abandonar todas as leis
Romper com os códigos de ética
Desviar toda a conduta
Só pra dizer-me teu!

De que me vale toda poesia
Toda leitura teórica
Todo saber empírico
De que valem?
Se não posso usar como moeda de troca
Para ter-te ao meu lado?

De que vale essa postura culta
A linguagem ultra-formal
O conhecimento das gramáticas
E das contas matemáticas
Se não te trazem a mim?

Casas de câmbio
Oh, casas de câmbio!
Porque não aceitam o que dou?

Um punhado de Marx aqui
Um bocadinho de Sócrates ali
Platão, Aristóteles
Shakespeare, Machado de Assis
Nietsche
Mészáros
Smith e Engels
Owen e Malthus
Che e Fernando Henrique Cardoso

De que valem?

Sem nunca terem lido nada
Outros tantos desgraçados
São menos desgraçados que eu



Março de 2011

3 comentários:

  1. Lindo!!! Belíssimo!!!

    Um banho cultural e uma chuva de poesia...

    - E de que me serve toda esta bagagem cultural se com ela não consigo conquistar, folhear, ler... "conhecer"... te/ser?

    Amei demais!

    beijocas-devaneios

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  2. Ah meu, pq no escambo não aceitam nossos sentimentos???

    valem muito mais que grana...

    lindo!!!

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