Nada tenho
A não ser
Este intenso sentir
Que me acompanha toda vida
E que ora, comigo
Deixa também de existir
Essa coleção de afetos
Guardada
Em qualquer desses armarinhos
N’algum canto bem discreto
Uma ruma de decepções
Que se perdem
Em qualquer ausência
De minhas realizações
E o sorriso emoldurado
Que um dia
Alguém, homem ou mulher
Encontrará empoeirado
E indagará de quem é
Fernando Lago –
Janeiro de 2011