No momento
Todos os momentos
São curtos
E a vida passa diante das
minhas narinas
Como o cheiro do perfume
de uma prostituta
Escuta
Não me importo com os
escândalos do plenário
E com a vida profana dos
polícias
Importo-me com minha vida,
que é insossa
E precisa adquirir
qualquer malícia
Viajo por caminhos tão
medonhos
Que às vezes me assusto no
espelho
E não me reconheço no meu
rosto
Não sei a quem ou a que me
assemelho
Prefiro a infâmia que a
glória
De não me acusarem coisa
alguma
De não ter nada feito
nessa vida
Senão nadar no Lago dos
meus versos
Que em momentos tristes eu
compunha
As alcunhas
Que sempre me puseram são
devidas
De vidas invividas que eu
deixei
Passou por minhas narinas
desatentas
Qual cheiro do perfume de
uma quenga
Que não é minha, mas me
acalenta
Nos mais tristes momentos
de ciúmes.
Fernando Lago – 03 de Maio de 2012