2 de outubro de 2010

Confissão de Carência




Foi mais ou menos assim.

Verifiquei o registro de chamadas no meu celular, intercalando os nomes e números com as situações em que foram armazenadas na memória do celular e na minha própria.

Faz tempo que não recebo uma ligação que não seja para tratar de reuniões, aulas, trabalho, ensaios, estudos da universidade... Faz tempo que não recebo SMS que não seja da própria operadora me mandando recarregar o celular, ou aqueles recadinhos ao estilo telegrama, automatizado com os anos: “Reunião 9:30”.

Observei com atenção os meus últimos e-mails, perdendo alguns instantes da minha vida lendo os títulos e remetentes das mensagens que ali apareceram.

Faz tempo que não recebo e-mails que não sejam atualizações irrelevantes de redes sociais, textos que se pretendem discussões político-filosóficas, moralismos fundamentalistas, piadas de loiras, de gaúcho, de papagaio, de padre e afins; anúncios de shows, convites a novas redes sociais para ter novas pessoas em novos perfis para novas não-realações. Comerciais de produtos eletrônicos, gente falando mal da Dilma, gente falando mal do Serra, gente dizendo que Tiririca não pode ser candidato, porque não estudou... Faz tempo.

Nas redes sociais, passei pelos recados e mensagens ainda restantes, nas páginas de comunicação, nos históricos de conversas históricas e cheias de história e estórias, relendo tudo com triste olhar...

Faz tempo que não recebo nada que não seja anúncios de eventos, pedidos de voto ou “convites” com apelos de amizade à participação de comunidades com nome esquisito. Faz tempo que não recebo um recado que não seja com vários quadradinhos com fotos de vários orkuteiros. Faz tempo que não recebo um recado só meu, dirijido especificamennte a Fernando Lago.

Saio ao quintal. Escuro. Noite. Procuro no céu por uma luz refletida, gritando em pensamento, exigindo a presença da lua.

Mas não é noite de lua... E, ainda que fosse, o céu está nublado. Faz tempo que não assisto a um espetáculo natural, obra de arte de Deus... Volto pra dentro, preciso de algo.

Confesso. Estou carente... Alguém pode, por favor, me abraçar?

Outubro de 2010

3 comentários:

  1. Receba meu abraço e a certeza de que ainda teremos nossa vez, como disse R. Russo:
    " E nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar, e até lá vamos viver..."


    beijo Romeu!

    ResponderExcluir
  2. Sinta-se abraçado.

    Porque eu também preciso muito disso.

    ResponderExcluir
  3. Alô, Alô Fernandinho
    Aquele abraço
    Fruto de esbarros pelos "quarteirões da Uneb! rs

    Post muito interessante!
    Das coisas que falastes, só não me encontrei na parte do celular. Perdi o meu. rsrs
    Ah, eu costumo mandar e-mail para mim mesma.

    Sinta-se também abraçado.

    ResponderExcluir

Não alimente o Fantasma do Silêncio. Expresse-se.