10 de junho de 2011

Confronto



Não tão feios quanto se pintam
Apareceram diante de mim
Dançando maracatu
Desferindo golpes de kung fu
Desanuviando minha vida
Tintim por tintim

Surgiram assim, do nada,
E o nada surgira de mim
Empunhando cada qual uma espada
Com cabo de marfim
E lâminas manchadas
Com sangue de alguma coisa viva
Tirada de minhas entranhas
Cirurgicamente
Quando eu olhava para os lados do sem fim

Em saltos semimortais
Postaram-se num semicírculo
Olhares semicerrados
E eu, semianalfabeto
Na linguagem que eles sussurram
Perdi-me em mim mesmo
Na fuga da perseguição
Que eles me empregaram
Correndo no meu encalço
E eu, tranquilismo falso,
Em desesperada marcha
Comendo meus pés o espaço

No meio do caminho
Em perfeito desalinho
Admirou-se-me a imagem
De um homem-passarinho
Que assoviava um mantra,
Espreguiçado no ninho

“Menino alagado, cabeça de vento,
Nariz tarraxado
Tu toma tento!
Porque se não enfrentas
Eu que não enfrento!”

Passarinho, passarinho
Verdades que tu cantastes...
Virei-me e voltei ao caminho
Poeira levantada pelos meus perseguidores
Poeira levantada pelos cascos nus do meu cavalo manco
Poeira levantada pela pensamentez da minha cabeça turva

E encarei
Frente a frente,
Descido dos meus tamancos,
Todos os meus demônios.

Maio de 2011

Um comentário:

  1. E o espanto num primeiro momento nos joga assustados para o fundo da caverna...

    Mas só os covardes não a refletem...

    E se há reflexão há de haver o enfrentamento... O curioso querer saber... conhecer!

    E quem sabe conhecendo nossos demônios não encontramos também seus pontos fracos e ou o derrotamos ou simplesmente deles conquistamos o respeito de nós mesmos...

    Desculpe-me se por vezes no meu viajar depravo seus versos... Mas, amigo... Se os publica já não são mais seus... rs Deixe-os sempre abertos para que possamos dá-lhes outras dimensões...rs

    Beijocas-que-deliram...;)

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