19 de setembro de 2010

Cíclico

                                                              Imagem: Travessa Literária


Grande bosta, ser poeta!
Juntar palavras e as dizer
Grande merda!
Não me têm levado a nada.

É o meio que eu acho de ser sincero
Mas não me têm acreditado
É o meio que eu acho de dizer “te amo”
Mas não me têm correspondido.

Cessem os elogios
Poesia é para poucos!
Dentre os quais não estou eu.
Sou egoísta, egocêntrico, egofóbico
Sou doido no sentido mais amplo da doidice.

Apaixono-me por todas que não estão dispostas
A apaixonar-se por mim
É ciclo
Sou um ser humano cíclico
Mais cíclico que a água

Estou cansado desta peça!
Dêem-me outro roteiro, por amor de Deus!
Dêem-me outro papel, pelo menos.
Cansei de ser o pseudo-bonzinho,
Que sempre se lasca no final.
E quantos finais já houve!

Sinto falta disso...
Queria ser o diretor
Queria escolher os papéis
Tudo correria bem, ao menos pra mim

Mas escolhi não escolher

Epopéia maldita
Meu verso e o dela
E o de todas as outras
Em nada nunca rimaram

É provável, esta coisa
É provável que eu só sirva pra vaguear
Que não há, pra mim, um par
É provável...
Esta mendicância de afeto
Esta carência de invasores...
Cíclico!


Ontem, após deitar e antes de fechar os olhos
(e nisto houve longuíssimo período)
Pude prever todo o meu futuro
E, do que vi, não gostei nada nada...

Sempre mais do mesmo.

 Julho de 2010

Um comentário:

  1. Nando!

    Como eu gosto de ler. Não apenas por você ser esse cara fantástico que és e que admiro tanto,mas tbém por vc sempre mostrar que sabe o que fazer com as letras todas... é como se elas viessem em um baralho dentro de uma caixa e vcs as desembaralhasse e jogasse no papel as coisas mais lindas e mais sentidas. Pô, te admiro demais.

    E o final me fez lembrar meu amado Renato Russo:"Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel.Sempre mais do mesmo.Não era isso que você queria ouvir?"


    Beijos!!!!

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