4 de agosto de 2011

Démence



Tenho muitos amores
Milhares de paixões tenho
Lutando entre si
Nesta luta do contrário
(negação da negação)
Não há um só vencedor
Só eu saio perdedor

Caminho nesta avenida
Carros atropelando gentes
Gentes atropelando subgentes
E alheios a tudo andam
Longe
Aqueles que deviam ver

Quem me dera
Minha lua
Madrinha desta rua
Pudesse eu ser normal
Com inquietações normais
Com normal inteligência
Mas não posso

A normalidade em mim é a loucura
A vida em mim é lúgubre
E anda cantarolando óperas nos ouvidos das moças tristes
Para fazê-las rir da minha cara

Não vejo a menor graça!
Ou meu espelho está quebrado?

Espelho, espelho meu!
Existirá nesse mundo
Homem besta como eu?

É besta mesmo!
Ao espelho não se pergunta o óbvio
À caneta se pergunta tudo
Se quiser ouvir sinceridade
É arrogante, mas franca

- Pena moderna minha
Responde-me com clareza
Amar-me-á alguém?
- Fernando, isso não sei! Sou caneta e não oráculo!
Use essa sua cabeça de pesquisador de araque
Pra saber desse pormenor

É mesmo desaforada!
Deixo-a de lado
Melhor deixar tudo mais
Respirar fundo, cochilar
Esperar que a vida passe
Dia após dia
Noite após noite
Que se vá a inquietação
Quero ao menos hoje descansar!

 Outubro de 2009


Um comentário:

  1. o que tenho observado nos seus escritos é a capacidade de unir temas intensos, questionadores, com uma pitada de humor.
    adorei este tb!

    um beijo

    ResponderExcluir

Não alimente o Fantasma do Silêncio. Expresse-se.